Fonte: http://indicalivros.com |
AUTOR: David Ebershoff
EDITORA: Rocco
ISBN: 978856843244-0
LANÇAMENTO: 2000 nos EUA, 2001 no Brasil
NÚMERO DE PÁGINAS: 336
O casal de pintores Einar e Greta Wegener leva uma vida aparentemente normal, quando, determinada tarde, na falta de uma modelo para que possa concluir uma obra, Greta pede ao marido que vista algumas peças femininas e pose para ela. Atendido este pedido, algo transforma para sempre a vida do jovem casal Wegener. O que começa como mera brincadeira acaba se tornando uma rotina para os dois e, à medida que Einar desaparece na lembrança, fica claro que uma escolha terá de ser feita. Uma trama ousada que transcende os limites de sexo, gênero e localização histórica, A moça de Copenhague nos desafia a descobrir o que fazer quando alguém que amamos quer mudar.
Fico sem
palavras para dizer o quanto apreciei cada minuto lendo este livro, mas cada
minuto mais triste. Garota Dinamarquesa (A Moça de Copenhage,
no lançamento original antes do filme) é um livro publicado em 2000 nos EUA, na
entrada do novo século e do novo milênio e, apesar de ter sido premiado na
época, só foi ganhar os olhos do público com a adaptação para o cinema, que
estreou no final de 2015. Depois de ouvir diversas críticas sobre o filme (que
ainda não vi), optei por ler esse livro.
Já no começo do
livro, o autor, David Ebershoff, avisa que a obra não é totalmente fiel à
história real, havendo muitas partes em que ele mesmo imaginou sobre Einar (lê-se Ái-nar) e a mudança total
sobre Greta (seu nome na verdade é Gerda, mas foi
traduzido para agradar o público americano), que na vida real é dinamarquesa,
no livro ela é uma americana de Pasadena (como o autor).
A história é
dividida em quatro partes, as duas primeiras são dedicadas ao desenvolvimento e
transformação interna de Einar Wegener em Lili Elbe. A terceira
e quarta partes, se passam no período da cirurgia de redesignação sexual de Lili. A
construção da narrativa é muito interessante e imagino que seja uma experiência
única pra cada leitor, e é necessário ter MENTE ABERTA para poder aproveitar o
livro. Digo isso porque como sou cis tive dificuldade em empatizar com
o dilema de Einar, o que fez
com que eu achasse a primeira parte do livro um pouco monótona e repetitiva,
então algumas pessoas podem encontrar mais dificuldade em lê-la ou não. Mas
isso não é um defeito do livro, na verdade é uma parte essencial para
entender o quão complexa é a questão de gênero. Não se trata de um botão de
liga e desliga, é uma questão psicológica profunda, a qual ainda temos
problemas para analisar, mas isso não justifica não aceitá-la. Por isso repito: mente aberta.
A história se
passa na Europa e narra a vida de Lili Elbe, que
antes se chamava Einar Wegener, um
pintor professor da Academia Real Dinamarquesa de Arte, casado com Greta Wegener,
que era sua aluna. Um belo dia, Greta, que era
pintora de retratos, pediu ao marido que se vestisse de mulher e posasse para
que ela terminasse um quadro. Encantada com o visual do marido, resolve chamar
aquela persona de Lili. Einar, embora
nervoso com as primeiras vezes que teve que se vestir de mulher, começa a
vestir-se como Lili, sair como Lili, assumindo
uma personalidade completamente diferente, que seria seu verdadeiro eu. Com o
tempo, Greta percebe que essa era a verdadeira identidade
de Einar e começa a apoiá-la. Ao longo da
história, fica mais claro para Einar que sua vida não pode ficar dividida
entre duas pessoas diferentes no mesmo corpo e que precisava encontrar um meio
de “sanar” seu estado mental. Depois de recorrer a vários médicos, dentre eles
um que usou radioterapia e outro que apresentou a lobotomia como uma solução
“inovadora” para esse tipo de “transtorno”, Einar é apresentado ao Doutor Bolk, um
médico alemão que desejava testar a cirurgia de redesignação sexual.
Vários
personagens secundários são apresentados na história, como Henrik, o
interesse amoroso de Lili, Hans Axgil, amigo de
infância de Einar, Carslile, irmão
de Greta, que a
apoiam em sua jornada pelo seu corpo. Eles dão tempero à história, mas isso só esconde
o sabor amargo da realidade, porque no fim das contas tudo parece muito
fantasioso. Passei uma boa parte do livro me preocupando com o sofrimento de Lili, o
preconceito que provavelmente ter sofreu e o assédio de que foi vítima por obra da
imprensa após realizar a cirurgia. Mas o autor tenta nos passar a mensagem de
que está tudo bem, de que Lili está cercada por um grupo de amigos
receptivos, onde ninguém acha estranho ou fica espantado quando seu segredo é
revelado, onde nada de ruim acontece, como se a mentalidade dos personagens da
década de 30 fosse tão aberta quanto a do século XXI - se não mais. Isso simplesmente não
parece real e não permite a quem está lendo se identificar com a personagem.
Porém é também desse tempero que queremos sentir o gosto quanto mais nos aproximamos
do desfecho da história. Estamos tão apaixonados por Lili e sua conquista que ficamos
apreensivos com o final do livro se aproximando. Esse, pra mim, é o sabor de um
bom livro.
Adorei a resenha, Lu! <3 Já até peguei o livro aqui pra ler, só falta parar de procrastinar, hahahaha.
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